sábado, 31 de outubro de 2009

O Corredor Amador - I

Sou assinante da revista O2 e leio-a por inteiro. Corro há pouco mais de 1 ano. As leituras das materias ajudam-me a melhorar a corrida, mas percebo que sempre são escritas por especialistas. Eles tentam traduzir as partes técnicas para as “pessoas comuns”. Ótimo, é claro. Dos mais “comuns”, creio, tem o Marcos Caetano, mas ele é jornalista esportivo. Tem que ser assim, mas….Pois é, esse “mas” me incomodava.

Não conheço os estudos de mercado da editora com relação ao “market share”, mas tenho quase certeza que são, em sua grande maioria, homens e mulheres na faixa de 40 a 50 anos, curso superior, casados, e que trabalham a semana toda nos 220 volts. Conheço vários com este perfil, inclusive eu.

Falta um coluna escrita por amadores para amadores. Que possa ser a voz do leitor médio da revista. Respeito os especialistas, concordo que são muito importantes, leio-os com atenção e procuro seguir as recomendações, “mas”…. E o que acontece com a gente na rua, na esteira, em nossa realidade? Será que é normal ou é só comigo? Será que se eu perguntar pra alguém mais experiente vou ter que aguentar gozação? Pois é, também tenho muitas dessas dúvidas. Já paguei alguns micos, mas conversando com uns e com outros, fui descobrindo que temos muito mais em comum do que os especialistas descrevem.

Por isso resolvi escrever, ou melhor, descrever, alguns pontos que acho importantes nesse nosso “mundinho” de corredores amadores, de fim de semana, de alguns dias por semana, de quando é possível.

Primeiramente, devo me apresentar. Alejandro, 45 (quase 46) anos, casados, engenheiro. Pelo nome já deu pra perceber, sou argentino, mas como tenho sorte, vim ainda pequeno pro Brasil, com 9 anos. Fui esportista na juventude, jogava rugby na faculdade. Por favor, não confunda com futebol americano, são muito diferentes. Também joguei futebol e tênis. Depois de formado, fui me afastando da vida esportiva, casei, muito trabalho, filhos, cerveja, churrascos, sedentarismo, o resto vocês conhecem. Pai e irmão cardíacos. Por ser alto, 1,87m, sempre pude distribuir bem os excessos de peso. Fui “encorpando”. Mas essa é outra estória.

Em meados do ano passado, 2008, depois de um processo de fortalecimento e condicionamento físico, comecei com trotes bem leves em esteira. Fui evoluindo até passar a correr na rua. Sem muita técnica, meio na raça. Inclui a leitura da O2, que Sergio, amigo e incentivador, me apresentou.

Por várias vezes encontrei com ele correndo numa direção e eu noutra, e me dizendo que as “velhinhas” que caminham estavam me alcançando. Eu dava um sorriso amarelo e continuava. Hoje, corremos juntos e, dependendo do momento de cada um, chego na sua frente.

Vale a pena, citá-lo mais um pouco. É personagem de um filme conhecido por vários de nós. Ele perdeu mais de 50 kg, fazendo dieta e correndo. Ele era uma pessoa de excessos gastronomicos e etílicos. Em 2006, um susto num check up, despertou-o. Casado, 40 anos e com duas filhas pequenas, resolveu recomeçar. Com outros dois colegas de trabalho, começaram a correr. Só ele tinha frequencimetro e os outros dois se guiavam pelo ritmo cardíaco dele. Nada bom isso, né? Por sorte, e a tempo, souberam do convênio que nossa empresa tinha com uma assessoria esportiva. Re-iniciaram os treinamentos, agora com técnico e devidamente orientados. A evolução dos 3 foi evidente. Essa assessoria inclui uma nutricionista, a qual o ajudou bastante em sua dieta.

Começou a participar de várias provas, de 5, 10, 15 km. No início, quase todo o percurso caminhando. Depois foi evoluindo. Em sua primeira São Silvestre, o pessoal da organização pedia pra ele desistir e encerrarem a prova. Foi até o fim. Até hoje já participou de 3 maratonas, 3 São Silvestre, algumas meias maratonas, muitas provas de 10Km e já não tem lugar para guardar a quantidade de medalhas ganhas.

Ele é daqueles que tentam te entusiasmar com suas estórias de corridas. Compra todos os “gadgets” possíveis, vários tipos de tênis, roupas, etc. Um verdadeiro alucinado. No início, em 2007, não lhe dei muita atenção, mas, em 2008, seu apoio e dicas foram fundamentais para que eu começasse a correr e recuperasse minha saúde.

Não peguei todos os exageros dele, ainda mais que ele virou vegetariano e cortou totalmente o álcool. Ainda não cheguei a tanto, e nem pretendo. Sou mais moderado.

Desde feveiro deste ano, estou treinando com a mesma assessoria esportiva. Tenho gostado muito, pois além de ter reduzidos meus tempos, termino os treinos e provas mais “inteiro”. Posso até passear com minha esposa, Telma, no shopping, sem me arrastar pelos corredores, logo depois de fazer 10 ou 15 km.

Sobre isso, depois a gente comenta…

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